Inclusão

Para facilitar a percepção de si mesmo e do todo

Seminário Sou surdx, sou LGBTI+. E agora? traz debates promovidos pela escola Alfredo Dub e a Associação dos Surdos de Pelotas

Carlos Queiroz -

Imagine os percalços da juventude. A fase, com todas as questões, dúvidas e ânsias, é quando a comunicação mais se torna necessária para explanar essas vivências. Quando entra toda a percepção de sexualidade neste mix de emoções, fica ainda mais complexo. Agora, imagine precisar comunicar e lidar com tudo isso sendo uma pessoa surda.

O lidar com a sexualidade e a surdez ao mesmo tempo será o tema do seminário Sou surdx, sou LGBTI+. E agora?, promovido pela Escola Alfredo Dub e pela Associação dos Surdos de Pelotas (ASP) na sexta e no sábado. As discussões abordarão questões de gêneros, muitas vezes não debatidas em escolas e com as famílias, seja por tabu, seja pela natural dificuldade do público surdo em receber estas informações apenas pela percepção do ambiente.

Um dos responsáveis pelo projeto é o professor José Francisco Duran. Ele percebeu em seus alunos a dificuldade de lidar com as questões LGBTI+, tanto ao perceber em si mesmo quanto ao identificar no próximo. "É preciso discutir em todos os níveis", pontua. Segundo ele, por vezes os alunos nas escolas tendem a se dividir em clubes, e acabam por afastarem-se da interação que poderia fazê-los aprender a lidar com as questões de gênero.

Por não obter informações da mesma maneira que os ouvintes, a dependência de aprender apenas através de mídia escrita ou por intérpretes também é um fator que acabou afastando o aluno surdo das questões de gênero. Para isso, o evento discutirá em todos os níveis, incluindo principalmente familiares e intérpretes.

Para o professor, a motivação do evento é o Dia Internacional Contra a Homofobia, celebrado no último dia 17. A inspiração surgiu a partir de sua própria vivência. Lecionando nos colégios Pelotense e Assis Brasil, percebeu há dez anos a dificuldade do debate de gênero com alunos surdos e, mesmo sendo matemático, incluiu o tema em suas aulas. "A escola nem debatia isso", recorda.

O evento
São 170 vagas a serem preenchidas através de formulário. Ele pode ser encontrado no endereço www.facebook.com/sousurdxlgbtieagora. Embora a preferência seja dada aos públicos surdo, intérpretes e familiares, o evento é aberto à população em geral, conforme a disponibilidade de vagas.

Dentre os palestrantes, homossexuais e transexuais já utilizando seus nomes sociais, para facilitar essa percepção. A importância das políticas públicas LGBTI+, relatos de projetos em escolas públicas e um filme com roda de debates marcarão o primeiro dia.

Já no segundo dia, palestras sobre a relação entre os intérpretes LGBTI+ e a comunidade surda, assim como a escola e a família nas relações marcarão os debates. O encerramento terá uma palestra com surdos LGBTI+ falando sobre como lidaram com suas sexualidades.

 

Carregando matéria

Conteúdo exclusivo!

Somente assinantes podem visualizar este conteúdo

clique aqui para verificar os planos disponíveis

Já sou assinante

clique aqui para efetuar o login

Repasses do Estado trazem poucas mudanças à saúde Anterior

Repasses do Estado trazem poucas mudanças à saúde

Servidores da UFPel e do IFSul vão paralisar Próximo

Servidores da UFPel e do IFSul vão paralisar

Deixe seu comentário